O que deveria fazer um marido traído mais de uma vez pela mulher a quem amou em sua juventude, a mãe de seu primeiro filho? Receber de volta a infiel, imunda pela prostituição, escrava de seus amantes e desprezada pela sociedade? No mínimo, repudiá-la para sempre. Por isso a história de perdão de Oséias é tão comovente!
Oséias viveu nos piores dias da nação de Israel, e Deus enviou por meio dele Seus últimos apelos em favor de Seu povo pecador. A história de Oséias, o marido traído, é um protótipo da história de Israel em seu relacionamento com Deus.
À semelhança de Gômer, Israel havia se vendido à prostituição e, como Oséias, Deus ainda amava Seu povo e o queria de volta. Assim como o profeta pagou pelo resgate de sua esposa que caíra em escravidão, Jesus pagaria alto preço, com a Sua morte, pela liberdade de Seu povo! Que amor surpreendente!
A história de Oséias fala a cada um de nós também. Vivemos num mundo em que por um creme dental, casais se separam. Argumentam que são incompatíveis… Unem-se para sempre… “até que a raiva ou o divórcio os separe.”
De todos os relacionamentos, o matrimônio é o mais íntimo e, por isso, o mais propenso a desentendimentos. Mas nenhum outro relacionamento pode nos ensinar mais sobre nós mesmos do que o casamento. Quem sou eu? Egoísta? Orgulhoso? Auto-suficiente? Discriminador? Punitivo? Acusador?
Em cada desentendimento, por mais simples que seja, as tendências de caráter de ambos os cônjuges ficam mais e mais patentes. Os desentendimentos ocorrem quando um dos cônjuges é ferido em seus sentimentos e, quase sempre, como resposta a esse desconforto, sentimentos negativos vêm à tona. Então, culpamos a outra pessoa por nossa reação ou transferimos para a outra pessoa os nossos defeitos.
Não é só no casamento que podemos ter dificuldades nos relacionamentos, mas, quanto mais próximo e mais tempo passamos junto de alguém, mais aumentam as possibilidades de atritos ou desentendimentos.
Assim, Deus foi extremamente paciente com o adúltero Israel e o amou até mesmo quando o deixou sofrer as conseqüências de sua rebelião. Assim como Oséias amou a esposa infiel, e até a recebeu de volta mesmo trazendo opróbrio e humilhação para si mesmo, Deus espera que não tratemos de forma diferente aqueles que nos magoam.
“Não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4:26) é o conselho divino. Mágoas e ressentimentos não resolvidos podem crescer a ponto de explodir em ações e palavras que ferem. Segundo estudiosos, podem levar a desenvolver diferentes tipos de enfermidades psicossomáticas, desde alergias e gastrites até o temível câncer; e podem levar o magoado a encolher-se emocionalmente.
Portanto, a melhor cura para os desentendimentos é o amor e a paciência divinos implantados no coração humano, que leva a perdoar, do mesmo modo e com a mesma intensidade do amor e perdão divinos.
“Quantos desonram a Cristo e dEle fazem uma falsa representação no lar! Quantos deixam de manifestar paciência, longanimidade, perdão, verdadeiro amor! Muitos têm seus gostos e desgostos e sentem-se em liberdade de manifestar sua disposição perversa em vez de revelar a vontade, as obras, o caráter de Cristo. A vida de Jesus está repleta de bondade e amor. Estamos nós nos desenvolvendo segundo Sua divina natureza?” (Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 178).
Sonia Rigoli Santos
Diretora do Ministério da Mulher