É melhor pular o Carnaval - IASD Central de Campinas

É melhor pular o Carnaval


Deu na revista EPOCA: “Júlia Lira é uma menina tímida. Aos 7 anos, ela ainda se esconde atrás do pai toda vez que um desconhecido se aproxima. Mas, quando entra no samba, a menina se transforma. ‘Ela gosta de plateia. Quanto mais gente, melhor’, diz a mãe, a policial civil Mônica Lira. Júlia está prestes a sambar diante da maior plateia de sua vida. E, justamente por isso, está no meio de uma polêmica. Filha do presidente da escola de samba Viradouro, Marco Lira, Júlia foi anunciada como a rainha de bateria da escola. Desde o fim do ano passado, a Viradouro vem procurando uma musa – e as duas mais cotadas não chegaram a um acordo. Foi num ensaio técnico, sem a rainha oficial, que o presidente colocou Júlia, de brincadeira, à frente da bateria. Ela sambou feito gente grande, e o presidente anunciou que seria coroada. Mas o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedca) quer impedir que ela desfile, sob alegação de que a função teria ‘uma sexualidade intrínseca’. A discussão ainda vai dar muito samba até o Carnaval. (…)

“‘O que se pretende é colocar uma criança num posto que tem alto apelo sexual e que é objeto de negociação no universo do Carvanal’, diz o presidente do Cedca, o advogado Carlos Nicodemus. (…) Os pais garantem que Júlia vai ter uma fantasia apropriada para a idade. (…)

“Para Ceres Araújo, especialista em sociologia infantil, a participação de Júlia é danosa. ‘A criança tem de ter seu lugar. Não adianta correr atrás de pedófilos se os próprios pais expõem a criança desse jeito. Quando os pais não protegem, o Estado tem de proteger’, afirma. ‘Mesmo que ela entre vestida com uma fantasia comportada, você acha que ela vai marchar? É claro que vai rebolar, porque é a imagem que ela tem das rainhas.’ (…)

“A mãe conta que ela assistia à novela Caminho das Índias e imitava as meninas dançando. Pede que toque músicas de Beyoncé e samba-enredo, enquanto evolui pela sala. (…)”

Nota: A folia está tão entranhada em nosso país que não chocam mais a nudez, as danças sensuais, o rebolado em close up e o “sexo seguro” promovido pelo próprio governo federal, com direito até à apologia do homossexualismo. Agora a participação de crianças nos desfiles carnavalescos já está dividindo opiniões. Daqui a pouco não mais dividirá, afinal, está tudo ali, na TV, na sala de estar, pra todo mundo ver. Ficou “normal”. O pai que assiste aos desfiles de “escolas” de samba vai dizer o que para os filhos? A mãe que assiste à novela com seus “valores” distorcidos, vai dizer o que para as filhas? Quando começamos a descuidar até mesmo das nossas crianças, é porque a coisa está realmente indo de mal a pior. O melhor a se fazer nesta época em que a devassidão está à solta e é autorizada é, como diz minha amiga Vanessa, pular o Carnaval. Não no sentido comum, de liberar geral e cair na avenida ou no salão. Não. Pular para fora dessa loucura em que as cidades se transformam; pular para longe do som dos tambores e das imagens dos corpos rebolativos. O melhor a ser feito é pegar a família e “pular” para um lugar tranquilo, em meio à natureza, para buscar a Deus, enquanto multidões buscam a “carne”. Minhas malas já estão prontas, e as suas?[Michelson Borges]

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