A Bíblia apresenta muitas coisas que não podem ser explicadas, nem mesmo ser compreendidas, e Satanás se serve delas para abalar a fé dessas pessoas nas Escrituras como revelação de Deus. …
Deus… não afasta a possibilidade da dúvida. Nossa fé deve se basear em evidências e não em demonstrações. Os que quiserem duvidar encontrarão oportunidade, mas os que desejam realmente conhecer a verdade poderão achar grande quantidade de provas onde poderão apoiar sua fé. …
Dentre todos os Seus propósitos, podemos compreender aquilo que é necessário ao nosso bem. Quanto ao mais, devemos confiar ainda nAquele cuja mão é onipotente, e cujo coração está repleto de amor. …
A entrada do pecado no mundo, a encarnação de Cristo, a regeneração, a ressurreição, e muitos outros assuntos apresentados na Bíblia são mistérios demasiado profundos para serem explicados, ou mesmo entendidos inteiramente pela mente humana. Não temos, porém, motivos para duvidar da Palavra de Deus pelo fato de não podermos compreender todos os Seus mistérios.
No mundo natural que nos cerca, convivemos continuamente com mistérios que não podemos penetrar. Mesmo as mais simples formas de vida apresentam problemas que o mais sábio dos filósofos é impotente para explicar. Por toda parte há maravilhas que escapam à nossa percepção. Deveríamos, então, nos surpreender ao verificar que no mundo espiritual também existem mistérios que não podemos entender? Toda a dificuldade está na debilidade e pequenez do espírito humano. … Essas dificuldades constituem evidência poderosa de sua inspiração divina. Se elas apenas apresentassem a respeito do Senhor o que podemos facilmente compreender; se Sua grandeza e majestade pudessem ser entendidas por seres limitados, então a Bíblia não apresentaria as indiscutíveis credenciais de autoridade divina. A própria grandeza e mistério dos temas expostos, deveriam eles mesmos inspirar fé, como sendo a Palavra de Deus.
A Bíblia revela a verdade de maneira tão simples e com tão perfeita adaptação às necessidades e desejos do ser humano, que tem inspirado admiração e encanto às pessoas mais cultas, ao mesmo tempo que habilita o humilde e ignorante a compreender o caminho da salvação. … Quanto mais ele investiga a Bíblia, tanto mais profunda se torna sua convicção de que ela é a Palavra do Deus vivo, e a razão humana se dobra diante da majestade da revelação divina. …
Reconhecer que não podemos compreender inteiramente as grandes verdades da Bíblia, é simplesmente admitir que a mente finita é incapaz de entender o infinito; que o homem, com seu limitado conhecimento, não pode compreender os desígnios do Onisciente. …
Um certo orgulho é misturado ao estudo da verdade bíblica, de maneira que o homem fica impaciente e sente-se vencido quando não pode explicar, como gostaria, todas as partes da Escritura. Ele imagina ser muito humilhante ter de reconhecer que não compreende a Palavra Inspirada. Não está disposto a esperar pacientemente até que o Senhor ache conveniente revelar-lhe a verdade. Acredita que sua sabedoria humana, sem necessidade de ajuda, é suficiente para capacitá-lo a entender a Bíblia. Quando não consegue, nega-lhe virtualmente a autoridade.
É verdade que muitas teorias e doutrinas que o povo julga derivadas da Bíblia, não se baseiam em seus ensinos, sendo em realidade contrárias ao conceito geral da inspiração. …
Deus deseja que, mesmo nesta vida, as verdades de Sua Palavra continuem sempre se desdobrando perante Seu povo. Existe apenas um meio de obter esse conhecimento. Só é possível compreender a Palavra de Deus mediante a iluminação do Espírito pelo qual ela foi dada. …
Deus deseja que o homem exercite suas habilidades de raciocínio. O estudo da Bíblia fortalecerá e elevará a capacidade mental como nenhum outro. Convém, entretanto, tomar cuidado para não dar valor excessivo à razão, a qual está sujeita à fraqueza e enfermidade humanas. Se não quisermos que as Escrituras se fechem ao nosso entendimento, de modo que as mais claras verdades deixem de ser compreendidas, devemos ter a simplicidade e a fé de uma criancinha, estando dispostos a aprender com o auxílio do Espírito Santo. …
Devemos abrir Sua Palavra com reverência e santo respeito, como se estivéssemos em Sua presença. Ao lermos a Bíblia, a razão deve reconhecer uma autoridade superior a si própria, e o coração e a inteligência devem-se curvar perante o grande EU SOU.
Muitas coisas, aparentemente difíceis ou obscuras, Deus vai tornar claras e simples aos que desse modo procuram compreendê-las. Sem a direção do Espírito Santo, porém, estamos continuamente sujeitos a torcer as Escrituras ou interpretá-las mal. Muitas vezes a leitura da Bíblia fica sem proveito, e em muitos casos é mesmo nociva. Quando ela é aberta sem reverência e oração, quando os pensamentos e as afeições não se concentram em Deus ou não se acham em harmonia com Sua vontade, a mente fica obscurecida por dúvidas. A descrença se fortalece com o próprio estudo da Bíblia. O inimigo se apodera das idéias e sugere interpretações incorretas. …
Por mais que o disfarcem, a verdadeira causa da incredulidade é, em muitos casos, o amor ao pecado. Os ensinos e restrições da Palavra de Deus não agradam ao coração orgulhoso, amante do pecado. … A fim de chegar à verdade é necessário que tenhamos um sincero desejo de conhecê-la, e um coração disposto a obedecer-lhe. … Cumpra, pela graça de Cristo, todo dever que já conhece e será habilitado a compreender e cumprir aqueles sobre os quais ainda tem dúvidas.
Há uma prova que está ao alcance de todos, tanto do mais culto como do mais iletrado: a da experiência. … Em lugar de confiar nas palavras de outros, devemos provar por nós mesmos. … À medida que nos aproximamos mais de Jesus e nos alegramos na plenitude de Seu amor, nossas dúvidas e obscuridades irão desaparecer com a luz de Sua presença. …
Podemos nos alegrar por que tudo o que nos tem causado dificuldades em compreender as providências de Deus vai ficar claro para nós. As coisas difíceis de entender serão explicadas. Onde nossa mente finita só descobria confusão e propósitos desconhecidos, veremos a mais perfeita e bela harmonia.
(Extraído do capítulo “Expulse a dúvida”, do livro Caminho a Cristo, de Ellen White.)