A história de Jezabel e Acabe é uma perfeita demonstração daquilo que um casal pode fazer quando está longe de Deus. “Como se fora coisa de somenos andar ele nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e o adorou” (1Rs 16:31). Segundo a Bíblia relata, o coração de Acabe já era mau. A aliança com “a filha de Etbaal, rei dos sidônios” (1Rs 16:31), “apenas” deu ares mais satânicos a seu reinado.

“Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1Rs 16:33).

O relato dessa história de blasfêmia, idolatria e abuso de autoridade me faz relacionar com as coisas que passam no dia-a-dia da nação brasileira. Lares destruídos por alianças com pessoas de crenças distintas, idolatria no lar – seja pela adoração ao filho querido, seja pelo exagerado amor ao futebol, a paixão pela novela, internet, filmes, apetite depravado… Falta amor no seio da família; falta Jesus, o mais importante!

O pai que não vê a hora de chegar para abraçar seu filho, hoje é cena rara. O filho que toma banho e põe a roupinha de dormir, aguardando o seu herói, ah, “isso já passou”. Quero acreditar que isso não passará, pois o amor de Deus é eterno!

Jezabel e Acabe não tinham a Yahweh. Isso fazia toda a diferença! Os que hoje não têm a Cristo estão sujeitos a pecados similares aos cometidos pela casa dos tristemente famosos monarcas. Somente no lar em que Deus habita pode haver verdadeira paz e amor.

Voltando ao tema do abuso da autoridade da família real, uma cena ocorrida ontem na política nacional me sensibilizou profundamente. Uma cena das mais tristes que já presenciei: ver o (ainda, infelizmente) presidente do Senado ser absolvido doeu o coração.

Não vou entrar nos detalhes das alianças políticas que o salvaram, tampouco dos casos que levaram Renan Calheiros a vituperar a já desgastada e imunda política nacional. O que desejo, com esse exemplo, é demonstrar quão baixo pode chegar uma instituição onde Cristo não tem a primazia.

O descaso de Jezabel ao matar os profetas do Senhor (1Rs 18:4) é bem semelhante ao do nosso Senado ao absolver Renan. A rainha, que morreu comida pelos cães (2Rs 9:30-37), sofreu as terríveis conseqüências de seus pecados. Contudo, o povo que ela governava também padeceu.

Semelhantemente, vejo o povo brasileiro sofrendo as nefastas e horríveis conseqüências da decisão tomada ontem, em favor de quem se excedeu e se corrompeu no poder. No subconsciente de cada brasileiro está a máxima de que a impunidade segue reinando e podemos continuar burlando leis, passando sinais vermelhos, subornando autoridades, sonegando impostos.

Eu não agüento mais esses mentirosos! Chego a ter vergonha de ser brasileiro, de cantar o Hino Nacional, de haver confiado o meu voto a quem não merecia. Sou cristão, mas não estou isolado do mundo. Como Elias modernos, devemos nos posicionar do lado do que é correto.

Um dos homens mais sábios que este país conheceu, Ruy Barbosa, certa vez desabafou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Anelo que não tenhamos vergonha de fazer o que é correto, ainda que sejamos poucos, pois a “maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (Educação, p. 56, 57).

Homens que necessitam de Cristo e o amem de todo o coração.

Feliz sábado para você!

(Márcio Basso Gomes, jornalista do Sistema Adventista de Comunicação)