Traduzido em mais de dois mil idiomas, a Bíblia é o livro mais conhecido do mundo. Calcula-se que já tenham sido vendidos mais de seis bilhões de exemplares e ninguém duvida que o conteúdo de suas páginas continua influenciando nossa história. A estudiosa do pensamento religioso Karen Armstrong, em seu novo livro A Bíblia – Uma Biografia, sustenta que a principal função da Bíblia não foi apoiar doutrinas e crenças particulares.
A revista Veja desta semana recomenda o livro e diz que, como em seus livros anteriores, “Karen ensina que a Bíblia não deve ser lida de forma estreita e literal, como fazem os fundamentalistas, mas como uma fonte de inspiração e de busca de sentido”.Karen acaba ecoando um tipo de opinião muito comum hoje em dia: de que a Bíblia é apenas um livro inspiracional, e envazia-a de seus princípios perenes e leis importantes (como os Dez Mandamentos, por exemplo).
Será que os “fundamentalistas” também não se beneficiam da inspiração e não buscam “sentido” nas páginas das Escrituras?Evidentemente que o contexto histórico e cultural dos autores bíblicos deve ser levado em conta no estudo do que escreveram, mas se se entende que o Autor por trás dos autores humanos foi o Espírito Santo, todos os textos têm algum conteúdo que deve fazer sentido à raça humana em todos os tempos. Na leitura da Bíblia, deve-se levar em conta o fato de que há textos proféticos carregados de simbologia, poemas e relatos históricos. Diluir tudo isso como se tratando de pura mitologia auto-ajuda é cometer um “crime hermenêutico” e perder o real benefício que as páginas das Escrituras Sagradas poderiam prover.
(Michelson Borges)