Juntamente com O Desejado de Todas as Nações (meu preferido), O Grande Conflito, Caminho a Cristo e A Ciência do Bom Viver, o livro Educação é uma das obras-primas da escritora Ellen White. Tive que reestudá-lo para a disciplina de Fundamentos da Educação Cristã, do curso de Estudos em Teologia. E cada vez que o leio, fico ainda mais fascinado com os princípios ali registrados há mais de cem anos. Nesse livro, Ellen White mostra que o objetivo da verdadeira educação é (1) restaurar no ser humano a imagem e semelhança do Criador, (2) levar o ser humano à perfeição em que fora criado e (3) promover o desenvolvimento de todas as faculdades humanas, com foco em seus aspectos mental, físico, espiritual e social.
É importante notar que, antes da Queda, a educação iniciada no Éden tinha que ver apenas com o item 3. Depois que o pecado entrou no mundo, a educação cristã assumiu caráter redentivo. A autora ilustra isso na história de Israel e nas escolas do lar inicialmente mantidas por esse povo. Cabia aos pais “inculcar” as verdades eternas na mente e no coração dos filhos. Com a corrupção do povo, Deus teve que estabelecer a escola dos profetas. A isso se pode chamar de “adequação circunstancial”, pois não era plano de Deus que a educação dos filhos ficasse a cargo de outras pessoas fora do círculo familiar.
A escola dos profetas também entrou em declínio e Deus teve que escolher um casal piedoso para educar Seu filho, Jesus Cristo. José e Maria exerceram papel fundamental na instrução inicial do Messias, tornando-O versado nas Escrituras, longe das escolas rabínicas já contaminadas por ideias pagãs gregas. Jesus cresceu e Se desenvolveu integralmente, tornando-Se o maior Mestre que o mundo já conheceu. Escolheu um grupo de homens difíceis, desunidos, a maioria dos quais indoutos, e fez deles um grupo de pregadores, “pescadores” de homens que abalaram o mundo de então.
Uma das pérolas do livro é esta: “A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (p. 57). A verdadeira educação deve ajudar a formar pessoas com essa têmpera.
Educação começa apresentando o plano pedagógico do Criador para Seus filhos no Éden. Infelizmente, o pecado ocasionou um “desvio de percurso” e Deus teve que adaptar o plano. Mas o objetivo ainda é o mesmo: depois de restaurar o ser humano, levá-lo a um crescimento holístico contínuo. Tanto é assim que Ellen White encerra o livro com o capítulo “A escola do além”, no qual diz que “o Céu é uma escola; o campo de seus estudos, o Universo; seu professor, o Ser infinito. Uma ramificação desta escola foi estabelecida no Éden; e, cumprindo o plano da redenção, reassumir-se-á a educação na escola edênica” (p. 301).
Portanto, a verdadeira educação nos levará de volta ao Éden, promovendo nosso crescimento pelos anos infindos da eternidade. Amém!
Michelson Borges