É pecado celebrar o Natal? - IASD Central de Campinas

É pecado celebrar o Natal?

imagem2O Natal é, de longe, o feriado mais movimentado do Ocidente. A expressividade da data no calendário é tão intensa que o evento não se restringe ao dia 25 de dezembro, mas se antecipa desde meados de novembro e se estende até o começo de janeiro. Nenhuma outra data comemorativa recebe atenção tão prolongada. O Natal aquece o comércio, movimenta as pessoas, une as famílias, comove os corações. Enfim, é impossível passar despercebido.

Apesar de tradicionalmente comemorar a data do nascimento de Jesus Cristo em Belém da Judeia, o Natal tem sido uma pedra no sapado de alguns cristãos mais conscienciosos. Isso porque, popularmente, as comemorações alusivas à data são associadas a muitos elementos que transmitem tudo, menos os valores ensinados por Jesus Cristo.

O Natal tornou-se uma época de consumismo, bebedeira, glutonaria, autogratificação, superstição, crendices e outros comportamentos que a Bíblia descreve como pecados que desqualificam uma pessoa de integrar o Reino de Deus (Gl 5:19-21). Soma-se a isso uma suposta origem obscura dos emblemas natalinos e de dúvidas quanto à data em que é comemorado. Todas as tentativas sérias de determinar o dia em que Jesus Cristo nasceu passam longe do dia 25 de dezembro. O astrônomo Colin J. Humphreys, por exemplo, indicou, calculando eventos siderais, que Cristo deve ter nascido entre 9 de março e 4 de abril do ano 5 a.C.

Clemente de Alexandria, escritor cristão que viveu entre os anos 150 e 215, afirmou que o dia do nascimento de Jesus foi 20 de maio. Muitos suspeitam que Jesus Cristo tenha nascido nos meses de setembro e outubro, já que teria completado trinta anos por ocasião de seu batismo, ocorrido muito provavelmente próximo ao início do outono no hemisfério norte. As igrejas cristãs do Oriente celebram o Natal em 6 ou 7 de janeiro desde poucas gerações após a morte dos apóstolos. Outras datas já foram sugeridas, mas nunca se chegou a um consenso sobre qual seria o dia certo do nascimento do Salvador do mundo. Assim, saber que o dia em que se costuma comemorar o Natal não marca a data exata do nascimento de Cristo incomoda. Também as alegadas origens ocultas de algumas tradições natalinas assustam aqueles que desejam evitar a prática de qualquer costume relacionado às forças espirituais contrárias a Deus.

Essas preocupações têm seu lugar. Cristãos que valorizam sua fé têm motivos para refletir se uma festividade tão “mundanizada” como o Natal deva ocupar a extensão de tempo e a importância que a ele dão as pessoas mais preocupadas com os prazeres festivos e os lucros comerciais que com a espiritualidade. No entanto, é necessário considerar algumas coisas a respeito do Natal.

Em nossa cultura, o Natal é relevante demais para ser ignorado. Não basta simplesmente agir como se esse dia, por não ser a data mais provável do nascimento de Jesus, possa ser desprezado completamente. Tentar desconstruir o Natal com medo de sucumbir a elementos não cristãos associados a essa festa é virtualmente impossível. Quem tentar fazer isso vai acabar se preocupando com o Natal mais do que as pessoas que simplesmente o comemoram.

Além disso, há vários elementos positivos da tradição natalina que jamais devem ser desconsiderados por pessoas que seguem Cristo. Atos de compaixão e solidariedade para com os menos afortunados, ocasiões para reuniões familiares, cultos especiais exaltando a importância da primeira vinda de Cristo ao mundo, um repertório musical sacro que louva a encarnação de Cristo e a graciosidade de Deus em conceder um Redentor para a humanidade são algumas dentre as muitas tradições natalinas que combinam perfeitamente com uma prática cristã fiel às Escrituras. Aliás, elas podem ser resgatadas durante todo o ano. Mas será que um cristão deve evitá-las apenas por que é a ocasião do Natal e ele soube que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro? Uma atitude radicalmente negativa quanto ao Natal lembra a antiga história da mãe que banhou o bebê na bacia e, ao descartar a água suja no terreiro, jogou fora a criança também.

Enfim, será que é sábio desprezar todo o ensejo que o Natal proporciona para atitudes que combinam com o Espírito de Cristo e se restringir a combater a festividade pelo que ela tem de negativo? É algo para se pensar.

Não é imperativo celebrar o Natal. Afinal, não se trata de uma celebração preceituada na Bíblia. Mas, em função da sociedade em que vivemos, a época do Natal é culturalmente muito favorável para se divulgar a mensagem de Cristo para pessoas que normalmente passam o ano sem pensar muito nele.

Quanto aos enfeites, como as árvores de Natal, que muitos alegam ser reminiscências de antigas tradições pagãs, é importante saber que as coisas não têm “poderes malignos” em si. Por exemplo, quem morar numa casa em que existiu anteriormente um templo pagão só receberá influências espirituais das entidades ali outrora cultuadas se demonstrar alguma devoção a elas. O mesmo vale para usar um objeto ou mesmo consumir um alimento dedicado ao culto de falsos deuses. O apóstolo Paulo, em Romanos 14 e 1 Coríntios 8, esclareceu que se servir de algo dedicado em um culto idólatra só prejudica espiritualmente quem atribui um significado místico a isso. Os enfeites de Natal, se é que um dia tiveram um emprego em rituais ocultistas, atualmente não recebem nenhuma conotação exotérica. Objetos como copos, pratos e talheres sempre foram empregados no cerimonial pagão e seria insano demonizá-los por isso. Não há sentido em temer uma possível herança politeísta dos enfeites de Natal, pois não estão de nenhuma forma relacionados hoje com a adoração aos ídolos. Muito ao contrário, cristãos que reverenciam o único Deus têm adornado seus lares ao longo dos séculos por ocasião do Natal sem reconhecer nos enfeites qualquer simbolismo ocultista. Afinal, as coisas só têm um significado místico para os que creem nesse significado.

Um cristão que reconhece o que Cristo fez ao vir ao mundo não pode desprezar a oportunidade cultural que o Natal proporciona de compartilhar a mensagem de Cristo e de incentivar a adesão aos seus ensinamentos. O fato de a data não ter sido estabelecida nas Escrituras não deve servir de impedimento para aproveitar o contexto do Natal a fim de proclamar que Cristo veio ao mundo morrer pelos pecados da humanidade e virá outra vez para conceder a vida eterna aos que creram nele (Jo 3:16). O próprio Senhor Jesus celebrou uma festa não prevista na Bíblia (Jo 10:22). Em vista disso, aproveite o Natal como ocasião de receber Jesus como o presente de Deus e de oferecê-lo a outras pessoas como o grande presente que Deus quer dar a todos. Um Presente que proporciona a libertação do pecado e confere vida eterna. [Créditos da imagem: Fotolia]

Feliz Natal!

FERNANDO DIAS é pastor e editor da Casa Publicadora Brasileira

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